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5 ideias de advogados inovadores — ou sobre o que falamos no #FestivalPath


Por Adriana Vojvodic


Há um tempo venho me perguntando o que são advogados inovadores. São os que entendem de tecnologia? São os que usam redes sociais para falar com clientes ou divulgar seu trabalho? São os que lidam com inovação ou assessoram startups?


Olhando com um pouco de atenção, parece ter um pouco de espuma nos discursos entusiastas das transformações e inovações no direito, então venho tentando criar espaços de diálogo para conhecer e me aproximar de quem está de fato fazendo coisas de um jeito novo.


Por isso foi uma super oportunidade ser mediadora em um painel no Festival Path 2018 para falar do presente e do futuro da profissão de advogados. Ao lado do Gabriel Senra, advogado, fundador e CEO da Linte, uma legaltech, e da Isabela Guimarães, advogada especialista em direito digital e cofundadora da Rede Feminista de Juristas, a conversa foi animada e inspiradora.

Anotei alguns dos pontos principais do nosso papo, em meio a tantos outros insights que eles trouxeram para o debate. Com uma plateia interessada e participativa, tivemos uma hora para falar do futuro da profissão.


1. Tecnologia é ferramenta

A ideia é unanimidade entre os três, já me que incluo nesta opinião. Pode ser inédita, pode ser disruptiva, pode ser explosiva. A tecnologia é ferramenta e, ao invés de centro, ela é mecanismo para alteração da forma como nos relacionamos, como compreendemos o mundo, os comportamentos e como estruturamos instituições e negócios. Entender como essas ferramentas funcionam e qual é seu potencial são essenciais para a atuação hoje, mas ela não garante a sua inovação como advogado.


2. Tecnologia pode extinguir trabalhos, mas gera oportunidades

Atividades repetitivas são mais eficientes se realizadas por instrumentos mais rápidos e menos propensos a erros. Não há porque o ser humano continuar realizando tarefas para as quais já criamos máquinas. E quem enxerga apenas a transposição do trabalho de elaboração para um de revisão, não vê os diversos campos que estão sendo criados no direito por conta do desenvolvimento tecnológico.


Se falamos de big data, como conseguir maior e melhor acesso a dados públicos? Qual deve ser a proteção dos dados pessoais na internet das coisas? Como obter os múltiplos ganhos que a área de saúde pode ter com acesso a dados pessoais sem violar a privacidade? E por aí vai.


3. O futuro é rede

Isabela trouxe sua experiência na criação da Rede Feminista de Juristas. Um grupo não formalizado, que não tem uma estrutura fixa, sede, estatuto social. Uma página do Facebook que foi criada por um grupo de advogadas e que hoje recebe pedidos de ajuda e apoio jurídico de mulheres do Brasil inteiro. Isso gerou a necessidade de articulação e coordenação, capacidade de comunicação com pessoas que não podem se sentir distantes.

Maior flexibilidade na atuação é regra. Estruturas grandes, caras e hierárquicas já foram desbancadas em tantas áreas, o mundo jurídico não ficará de fora desta tendência.


4. Direito é informação

E desperdício de dados é o calcanhar de aquiles da maior parte de escritórios e empresas. Gabriel é que chama a atenção para o uso ainda pouco inteligente e eficiente do caminhão de dados que é gerado na atuação jurídica. Não basta automatizar processos. Quando se tem a possibilidade de compreender melhor a atuação do cliente, a análise em massa de informações constantes em instrumentos e processos jurídicos podem trazer dados valiosos inclusive para os negócios.


5. Mudança de mindset

Os aparatos, equipamentos e procedimentos mudam. Mas nada se altera se não há transformação de mindset. Trabalhar pela comunicação mais direta e simples, flexibilidade, baixa formalização nas relações, diversidade, horizontalidade. Não basta ser um advogado mais moderno, o “jurídico sem gravata” no escritório colorido. Mas entender que estamos falando de um tipo diferente de profissional, com habilidades até hoje pouco encontradas em advogados e uma relação distinta com o cliente.


Teve mais?

O que foi interessante notar, com todas as falas e trocas, é que muitas das tentativas de mudanças superficiais, que ocorrem em vários meios — não só no jurídico, se averiguadas com um pouco mais de cuidado revelam um núcleo que talvez resista a efetivas mudanças.

Com isso temas como regulamentação da profissão e relação com a OAB, mudanças do sistema de justiça e até mesmo o reflexo que essas transformações têm que ter nos currículos das escolas de direito surgiram como elementos inevitáveis para possibilitar reais mudanças. Mas aí o tempo já tinha estourado e estávamos quase sendo expulsos da sala para a programação seguir em frente.

Tudo o que precisamos já existe, os elementos já estão aí. O que falta é saber conectar as coisas de um jeito que ninguém nunca fez”. Uma frase falada pelo Gabriel que me parece apropriada para terminar.

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