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Amazônia 4.0 como solução para nossa floresta e economia na região

Com o risco de savanização da floresta amazônica, novas soluções precisam surgir para dar caminho ao desenvolvimento sustentável da Amazônia e concretizar uma economia circular para os povos que nascem e vivem na região. Entenda o que é a Amazônia 4.0 e como esse conceito pode salvar a floresta e transformar sua realidade ambiental, econômica e social.


Florestas tropicais, como a nossa Amazônia, são ecossistemas fascinantes e únicos, que nutrem uma enorme quantidade de organismos em uma fauna e flora exuberantes. Mas mesmo assim esses berços da diversidade ambiental e ecológica são ameaçados pela ação humana que ainda enxerga erroneamente essas florestas como uma fonte finita de recursos.


Você pode não saber, mas a floresta tropical está muito mais próxima de nosso cotidiano do que pensamos, milhões de pessoas vivem em cidades, bairros e comunidades que se integram à Amazônia, e ao mesmo tempo, boa parte dessa população vive com poucos recursos financeiros, fazendo-as suportarem condições precárias de trabalho, tornando-se mão de obra barata para madeireiras e mineradoras.


Com a justificativa de desenvolvimento econômico da região, grandes empresas estão dia após dia destruindo a floresta amazônica para suprir os grandes centros do Brasil com seus recursos. Esse processo está caminhando para uma savanização da floresta tropical amazônica, como resultado, a Amazônia pode não estar longe do ponto de inflexão quando grandes porções da floresta se transformarem em savanas tropicais.


Um estudo publicado pela revista Science Advances estima que se as taxas de desmatamento em toda a bacia ultrapassarem 20 a 25% da área florestal, isso levaria a um processo irreversível de savanização. Hoje, cerca de 17% das florestas já foram derrubadas e as taxas de desmatamento aumentaram desde 2015 na maioria dos países amazônicos. Com os altos números de desmatamento e queimadas, nesse ritmo, poderíamos atingir o ponto de inflexão dentro de 20 a 30 anos.


Amazônia 4.0 e a economia da região


No Brasil ainda temos uma grande vantagem sobre as demais nações do mundo, podemos ainda utilizar o potencial ambiental que possuímos para nos tornarmos uma verdadeira potência no tema e liderar a agenda global da economia circular, mas há um desafio enorme pela frente. E há apenas um caminho para escolher antes que o cataclisma ocorra e a gente possa barrar esse processo de degradação da floresta tropical.


Os especialistas levam em consideração a bioeconomia como aliada dessa regeneração, tendo como base de apoio a Indústria 4.0. A Amazônia é o centro desse desafio, mas a necessidade de uma gestão inteligente, baseada no desenvolvimento sustentável precisa ser a ponte para atingir a solução que ainda está longe de ser alcançada.


A Amazônia 4.0 - nome em alusão à quarta revolução industrial, com a nova forma como indústrias estão aliando tecnologia, inovação e inteligência em sua produção - une um conceito inovador que opta pelo desenvolvimento econômico e social sustentável da região amazônica, respeitando a biodiversidade e as tradições dos povos da floresta.



A principal questão desse desafio está primeiramente ligada ao desenvolvimento econômico conciliado com a conservação da floresta tropical. Nas últimas décadas, especialistas e governos do Brasil debateram estas visões que sempre foram opostas nas discussões e até o momento só perdemos tempo e território verde para encontrar a solução. A exploração de commodities e expansão da fronteira de produção tem impulsionado o desmatamento.


As florestas da região amazônica são o resultado de milhões de anos de evolução durante os quais a natureza desenvolveu uma grande variedade de ativos biológicos em ecossistemas aquáticos e terrestres, processo que resultou em enorme biodiversidade e extraordinária riqueza de produtos naturais.


Esses ativos biológicos e biomiméticos estão sendo cada vez mais valorizados pelo conceito de Indústria 4.0, na elaboração de produtos farmacêuticos, cosméticos e alimentícios, ou mesmo na busca de novos produtos, materiais , soluções de energia e mobilidade com potencial de lucro significativo.


No entanto, até o momento, toda essa riqueza latente está longe de ser devidamente aproveitada e canalizada de volta para a região, tanto para conservar esse bioma único quanto para melhorar as condições de vida dos povos que vivem na região.


Soluções para regenerar a Amazônia


Esse tema foi discutido em uma palestra transformadora que ocorreu no Path Amazônia, em 2021. A palestra completa está disponível em nossa plataforma de streaming e traz três convidados, Joice Ferreira, Ismael Nobre e Patrícia Cota, que conversam sobre soluções para uma Amazônia 4.0, debatendo sobre como os recursos naturais da floresta estão sendo destinados para inovação, bio-negócios locais, entre outros.


A conversa abre caminho para uma economia sustentável na Amazônia e demonstra através de exemplos as ações que estão ocorrendo nesse momento para mudar a forma como empresas exploram os recursos da Amazônia, valorizando também os moradores locais e o desenvolvimento econômico e social sustentável.


Entre estas ações está a Rede Amazônia Sustentável (RAS), que é uma rede internacional multidisciplinar de pesquisa e aprendizado sobre a sustentabilidade dos usos da terra.No Path, a RAS foi representada por sua cofundadora, Joice Ferreira, que mostrou como a rede busca promover diálogos entre cientistas e líderes governamentais sobre o tema.


“Hoje, o desenvolvimento sustentável é usado em muitos sentidos e muitas vezes vazios, então temos que pensar realmente na sustentabilidade e nos meios de vida sustentáveis como bem-estar ao invés do bem-ter, pensando em equidade social e ambiental, de forma mais humana, precisamos pensar mais claramente no significado desse desenvolvimento sustentável”, explica Joice Ferreira.


Além do RAS, a palestra nos apresenta outra instituição que está mudando a economia da região amazônica dentro de um conceito circular. O Origens Brasil, representado por sua gestora, Patrícia Cota, nessa conversa do Path, é uma rede que promove negócios sustentáveis na Amazônia em áreas prioritárias de conservação, garantindo a origem, transparência, rastreabilidade da cadeia produtiva e promovendo o comércio ético da região e seus produtores.


Para Patrícia Cota, toda solução, qualquer que ela seja, só nasce quando a gente há um desafio para ser superado, no caso da Amazônia, o desafio estava em dar outro caminho para aquele morador da região que tinha apenas nas atividades ilegais de madeireiras e mineradoras ilegais uma fonte de renda possível.


“A gente precisava tornar a atividade tradicional realizada por populações locais e povos indígenas, dentro desses corredores de áreas protegidas, atrativas do ponto de vista financeiro e econômico para que eles conseguissem fazer pressão ao avanço crescente de atividades ilegais e predatórias que muitas vezes são rentáveis em curto prazo”, diz Cota.


Um outro exemplo de commodity muito utilizado na Amazônia é um produto florestal chamado açaí. Muito popular em sorveterias e lanchonetes dos grandes centros, o fruto é mais lucrativo do que culturas como soja ou gado que exigem a destruição da floresta, além disso gera cerca de US$ 1 bilhão por ano para a economia amazônica, melhorando os meios de subsistência da população que já conta com mais de 300.000 produtores.


Produção de acaí. (Foto: banco de imagens Canva)

No entanto, para que esse tipo de produção avance e concorra com outras formas de produção na região, é preciso desenvolver bioindústrias na Amazônia, com fabricas móveis e ecologicamente corretas para o ambiente de floresta tropical. São exemplos de Amazônia 4.0, aproveitando novas tecnologias para desencadear novas oportunidades econômicas e, principalmente, inclusivas.


Na opinião do biólogo e PHD, Ismael Nobre, o açaí poderia ser algo também importante para a economia local e não só um item de commodity que abastece os grandes centros do Brasil e do Mundo. “O caso do açaí, que é uma commodity nova, gera um grande impacto econômico, mas sobretudo positivo, só que fora da Amazônia ele se torna uma centena de produtos, saindo da amazônia na base da tonelada até chegar na miligrama, como suplemento, antioxidante, considerado uma superfood, então porque essa agregação de valor ocorre fora e não dentro da Amazônia?”, complementa Nobre.


Assista a conversa completa clicando abaixo:



É possível construir uma nova Amazônia sustentável e 4.0


A Amazônia está em um estado crítico. A degradação da floresta está acontecendo em um ritmo acelerado, colocando em risco a biodiversidade única da região, além de afetar diretamente o clima do planeta. A solução para este problema não é simples, mas precisamos agir com urgência. É fundamental que as pessoas se mobilizem para exigir medidas efetivas dos governos e das empresas, além de reduzirem o consumo de produtos derivados da Amazônia.


Podemos construir uma Amazônia 4.0 sustentável, mas isso só será possível se todos trabalharmos juntos para preservar o nosso planeta. Na plataforma de streaming do Path é possível assistir conteúdos exclusivos sobre diversos assuntos ligados à regeneração do planeta, com palestras, conversas, podcasts e documentários que tocam em temas como desenvolvimento sustentável, inovação, empreendedorismo, tecnologia e muito mais.


Acesse ondemand.festivalpath.com.br e aproveite mais de 70 horas de conteúdo Path.



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