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Assembleia Geral da ONU tem início e traz solidariedade, sustentabilidade e ciência como lemas

Semana mais importante do evento promovido pelas Nações Unidas, terá retomada dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável como parte das discussões em meio às crises mundiais, como fome, guerras e emergência climática. Saiba como estes debates estão sendo conduzidos e descubra sobre o que já falamos aqui no Path com dicas de conteúdo.

Assembleia reúne chefes de estado, delegações governamentais, sociedade civil, ativistas e membros da mídia. Foto: Cia Pak/ONU

A 77ª Assembleia Geral da ONU volta a acontecer presencialmente, após dois anos de interrupções por conta da pandemia de COVID-19. A última vez que a reunião teve a presença dos líderes mundiais foi em 2019, as duas edições seguintes ocorreram virtualmente e com encontros pontuais.


O evento começou semana passada, mas os próximos dias serão ainda mais importantes pois contarão com os discursos de chefes de estado, encontros de delegações governamentais, sociedade civil, ativistas e membros da mídia que se reunirão na sede da ONU em Manhattan. A diplomacia pessoal é base para os objetivos da reunião, que este ano traz como lema: “Soluções por meio da solidariedade, sustentabilidade e ciência”.


Os temas centrais da assembleia se concentram nos desafios que os líderes mundiais estão enfrentando no momento. Temos uma nova realidade após a pandemia, uma guerra na Ucrânia está polarizando a ordem mundial em proporções não vistas desde a Guerra Fria. Existem diversos impactos que precisam ser discutidos em relação ao preço de alimentos no mundo todo, crise energética e as questões climáticas.


Na conferência para jornalistas na semana passada, o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, explicou que vê a assembleia como uma esperança através do diálogo, debates e planos concretos para superar divisões e crises. “Nosso mundo está arruinado pela guerra, castigado pelo caos climático, marcado pelo ódio e envergonhado pela pobreza, fome e desigualdade.”, disse Guterres.


Agenda Global como pauta da reunião


A importância da Assembleia Geral pode ser ilustrada com um marco ocorrido em 2015, quando a reunião concordou com um conjunto de 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) a serem alcançados até 2030. Os países membros se comprometeram a trabalhar juntos para erradicar a pobreza e a fome, proteger o planeta, promover a paz e garantir a igualdade de gênero.


De 16 a 25 de setembro ocorre paralelamente à reunião de líderes mundiais, a Semana Global para a Ação, ou #Act4SDGs, que nada mais é do que uma mobilização global que ocorre durante a semana de “alto nível” da Assembleia Geral da ONU. O evento ocorre para mostrar aos líderes mundiais que pessoas de todo o mundo estão comprometidas, dedicadas e inspiradas a agir sobre os ODS.


Alguns números que ilustram o cenário dos objetivos globais. Fonte: ONU

Esse ano a mobilização terá como tema o clima, justiça e a paz, sempre considerando os 17 ODS. Além disso, a Semana Global mostra como as escolhas de cada indivíduo e suas ações são importantes para o efeito coletivo da Agenda 2030.


Todas as ações da mobilização serão registradas em um mapa digital, que pode ser filtrado por país, região, ODS e setor, permitindo que cada ação seja relatada com seus principais momentos junto à ONU. O mapa reúne um retrato da ação coletiva e como ela pode levar a grandes mudanças em todo o mundo. Um evento de três dias também ocorrerá a partir do dia 21 de setembro e poderá ser acompanhado pelo site: sdgactionzone.org


Temas centrais da assembleia são assuntos repercutidos no Path


No lema da Assembleia Geral temos a ciência como parte das ações necessárias para a transformação positiva para o mundo. Tecnologia à favor da natureza foi tema de mais uma conversa sobre inovação e sustentabilidade no Path Amazônia em 2021.


Com mediação de Philippe de Almeida, o Path trouxe para a conversa, Michel Zappa, designer de informação, futurista e fundador da Envisioning (instituto de pesquisa em tecnologia emergente), com Iza Dezon, que é sócia-fundadora da DEZON e expert em análise de tendências, junto a Fábio Gandour, que é graduado em Medicina e se interessou por computadores para apoiar sua atividade científica como médico.


Uma das questões dessa conversa se coloca sobre o olhar do futuro através da ancestralidade, e a forma como interagimos com a natureza através da tecnologia. “Eu vejo isso como inseparável da tecnologia, você abrir mão da tecnologia é abrir mão da sociedade como eu a entendo", conta Michel Zappa ao ser questionado sobre esse olhar da ancestralidade.


A natureza evoluiu através do tempo com biomas se adaptando aos cenários climáticos e geológicos de nosso planeta. Organismos se multiplicaram através de sua própria tecnologia, a biomimética é a ciência que estuda esses processos, observando fenômenos da natureza, utilizando seus mecanismos para inspirar soluções que beneficiem o cotidiano das pessoas.


Para Iza Dezon, que utiliza como exemplo a biomimética, esse olhar da ancestralidade deve passar pelo ato da humildade, entendendo que nossa humanidade tem muito a aprender com o passado terrestre para organizar a tecnologia do futuro. “Eu acho uma loucura o ser-humano achar que tem mais capacidade tecnológicas do que organismos com quatro bilhões de anos”, conta a pesquisadora. Para Iza, “achar que a gente vai fazer uma coisa melhor que a embalagem da manga é uma grande loucura.”.



Estes organismos estão neste momento sendo destruídos em biomas como o da Amazônia, através de queimadas e desmatamentos, estamos vivendo o pior mês de setembro em 24 anos dentro desse problema. Para Fábio Gandour, é preciso mudar a forma como medimos estes impactos, além do processo informativo e tecnológico. “Essa é uma métrica que não traduz a importância daninha da queimada, para proteger a natureza eu tenho que dizer muito mais sobre o que foi falado em relação às queimadas.”, explica Gandour.


Recentemente um grupo de pesquisadores e profissionais publicou um artigo descrevendo novas estratégias, tecnologias inovadoras, métodos de gestão e casos práticos que podem apoiar o desenvolvimento de uma economia circular, para permitir o uso sustentável dos recursos naturais e ajudar a alcançar a Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável e seus ODS.


O artigo, “Accelerating circular economy solutions to achieve the 2030 agenda for sustainable development goals”, resume as discussões sobre gestão de resíduos em direção aos ODS, realizado durante a 16ª Conferência Internacional sobre Gestão e Tecnologia de Resíduos. Na publicação, os autores fazem uma comparação entre a abordagem “pegar-fazer-consumir-descartar” do modelo tradicional de economia linear e a filosofia “feito-para-ser-feito-novamente” do modelo de economia circular.


Em outra conversa inspiradora no Path Amazônia, o trio composto pelas ativistas Melissa Bivar, Isabela Menezes e Monica Picavêa, do Cidades em Transição, explica como podemos ressignificar nossas relações econômicas e pessoais através da resiliência e da economia circular.


Uma economia que se propõe a cuidar, com essa visão as três convidadas mostram como foi criado o termo REconomy, através do Movimento das Cidades em Transição, que vem construindo um modelo econômico circular, de baixas emissões de carbono, colaborativo e inclusivo, baseado no fortalecimento dos negócios locais e do desenvolvimento regenerativo de territórios.


As palestrantes separam a questão em dois tipos de sistemas, produtivo e improdutivo, de um lado tudo o que gera valor para a sociedade e bem-estar e do outro lado aquilo que não gera valor, produzindo riqueza sem gerar valor para a sociedade. A partir desse processo elas lançam a pergunta sobre qual tipo de sistema estamos sustentando com nossos hábitos.


“Para compreender esse processo todos nós precisamos entender que as organizações estão em transformação, mas ainda nossa sociedade está estruturada em um modelo posto em como se fazer negócio.”, aponta Melissa Bivar. Assista abaixo a conversa completa em nossa plataforma de streaming.


Para além do debate atual, uma agenda de neutralidade em 2050


A Assembleia Geral leva as discussões para diversos campos, mas tem a sustentabilidade ainda como base para muitas das ações necessárias. Recentemente um estudo da Comissão Econômica da Europa (Unece), revelou que muitos dos projetos que ainda não foram colocados em prática precisam urgentemente sair agora do papel e começarem a ser aplicados.



Fonte: ONU

Apesar dos ODS colocarem o ano de 2030 como meta cronológica para atingirmos os objetivos postos na mesa durante a assembleia de 2015, precisamos já começar a pensar sobre como continuaremos a agir nos anos seguintes.


A questão financeira sempre vai ser o maior obstáculo para que os ODS sejam efetivos, no estudo, é possível conceber que o Produto Interno Bruto dos países membros terá que subir de 1,24% em 2020 para 2,05% a partir de 2025. Considerando qualquer atraso, o montante necessário até 2050 precisaria ser entre US$ 44,8 trilhões e 47,3 trilhões nos investimentos.


Para acompanhar e se aprofundar

Todos os encontros, discursos e debates que estão ocorrendo na assembleia podem ser vistos pelo site media.un.org . Mas se você quer se aprofundar nos temas relacionados às ODS acesse a plataforma de streaming do Path e confira mais de 70 horas de conteúdos transformadores com sua maioria considerando os ODS como temática central de conversas, palestras, podcasts e documentários originais.


Acesse ondemand.festivalpath.com e aproveite gratuitamente.


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