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Contando histórias para mudar vidas


Por Diogo Rodriguez


"Existe algo único sobre os seres humanos? Existe. Somos as únicas criaturas com sentimentos morais plenamente desenvolvidos. Somos obcecados com a moralidade como criaturas sociais. Precisamos saber por que as pessoas estão fazendo o que estão fazendo". Paul Zak é o fundador do campo da neuroeconomia. O neuroeconomista sempre quis entender “se existe uma química da moralidade”, explica ele, na sua palestra no TED. “Quero saber se existe uma molécula moral.”



Zak encontrou uma base fisiológica que ajuda a explicar por que as pessoas fazem boas ações. A resposta, afirma, está na ocitocina, “uma simples e antiga molécula encontrada apenas em mamíferos”. “Em roedores, sabe-se que ela faz as mães cuidarem de suas proles, e em algumas espécies, é responsável pela tolerância aos colegas de toca. Mas em humanos, sabe-se apenas que facilitam o parto e a amamentação nas mulheres, e que é liberada, por ambos os sexos, durante o sexo. A ocitocina nos conecta às pessoas. Ocitocina nos faz sentir o que outras pessoas sentem.”


Faz sentido, então, que essa substância esteja relacionada com a generosidade. Zak conduziu estudos onde essa relação foi demonstrada. A presença da ocitocina, explica o pesquisador, aumenta doações para a caridade em 50%. Um resultado formidável. E é justamente nessa onda de ocitocina que Marcelo Douek quer surfar.



Marcelo não é neuroeconomista, mas criador e sócio da Social Docs, empresa especializada em contar histórias de impacto social no formato documentário. Com seu sócio, Henry Grazinoli, Douek ajuda entidades a criar conteúdos que mostrem o impacto de sua atuação na vida das pessoas. “A Social Docs é consequência de eu ter descoberto meu propósito, que é contar histórias para mudar a vida das pessoas”, explica Douek.


Está todo mundo ali por algo maior. Isso transforma a energia de toda a equipe. —  Marcelo Douek


Marcelo Douek, fundador da Social Docs


A ideia dos filmes da Social Docs é, justamente, ajudar a liberar ocitocina em todos nós. O processo criativo dos filmes, explica Douek, é um pouco diferente do de um documentário convencional. “Antes de pensar em produção, precisamos dar um passo atrás. Na construção da história, achar um bom personagem, entender que a história precisa gerar um call to action, de pensar isso na forma do roteiro, de contar uma história que vai gerar um sentido de transformação nas pessoas.”


Assista ao minidocumentário "Em busca das emoções", feito pela Social Docs:


Outra grande diferença, conta, é o clima na hora de trabalhar. “Como o filme é sempre para uma causa que vai transformar a vida de alguém, que tem um propósito, a vibe é outra. A vibe no set, no planejamento e na logística é sempre muito boa. Está todo mundo ali por algo maior. Isso transforma a energia de toda a equipe.”


Apesar de ainda não ter completado um ano, a Social Docs já conquistou clientes importantes, como a Votorantim, Movimento Arredondar e a ONG Gol da Igualdade. Segundo a Força Tarefa Brasileira de Finanças Sociais, os investimentos em negócios de impacto social vão crescer (e muito). Devem passar de R$ 13 bilhões em 2014 a R$ 50 milhões anuais em 2020.



O sucesso conquistado até agora não significa, no entanto, que não existam dificuldades. Douek relata que um cliente se mostrou relutante. “O CEO estava meio que com o pé atrás, mas a gente montou a campanha. No dia em que fomos mostrar a campanha, estava ele e uma gerente junto. Era um curta que mostrava a história de um menino. Graças àquela organização, a vida do menino mudou. Quando vimos, o CEO estava com lágrimas nos olhos. A gerente disse: ‘Não acredito que vocês fizeram ele chorar!’. Isso mostra o poder das histórias. Graças a essa história o nosso trabalho ganhou espaço; eles estão usando para tudo: institucional, captação, engajamento de funcionário.”

Quando uma história é bem contada, não há quem não goste de ouvi-la. Especialmente se ela puder mudar definitivamente a vida das pessoas. Nos sentidos figurado e literal.



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