top of page

Desafios e soluções na luta contra a violência familiar e doméstica contra as mulheres.

A violência doméstica contra mulheres é um problema global e endêmico, que persiste em todas as culturas e países, afetando milhões de mulheres e suas famílias. Infelizmente, os números não diminuíram nos últimos anos, mas as falas femininas estão ocupando espaços para combater e trazer soluções que vão transformar esse cenário. Veja também uma conversa do Path e Catraca Livre, com três mulheres que estão agindo nesse sentido.



Cerca de uma em cada três mulheres em todo o mundo, o que equivale a 736 milhões de pessoas, é vítima de violência física ou sexual por parte do parceiro ou de um não parceiro. Essa violência começa cedo e é preocupante que uma em cada quatro mulheres jovens (de 15 a 24 anos) que estiveram em um relacionamento já tenha sofrido violência de seus parceiros por volta dos vinte anos.


Infelizmente, mulheres que vivem em países de baixa e média-baixa renda são desproporcionalmente afetadas pela violência doméstica. Estima-se que 37% das mulheres que vivem nos países mais pobres tenham sofrido violência física e/ou sexual por parte do parceiro ao longo da vida, com alguns desses países tendo uma prevalência de até uma em cada duas mulheres.


As taxas de prevalência de violência praticada por parceiro entre mulheres de 15 a 49 anos são alarmantes na Oceania, Sul da Ásia e África Subsaariana, variando de 33% a 51%. As taxas mais baixas são encontradas na Europa, Ásia Central, Leste Asiático e Sudeste Asiático, com 16% a 23%, 18%, 20% e 21%, respectivamente. Na América Latina, América do Norte e Caribe, a taxa foi de 25%, enquanto no Norte da Europa foi de 23%. O Sudeste Asiático apresentou uma taxa de 21%, seguido pela Europa Ocidental com a mesma taxa. A Ásia Oriental e Europa Oriental registraram taxas de 20%, enquanto a Ásia Central apresentou uma taxa de 18%. A taxa mais baixa foi registrada no Sul da Europa, com 16%. Esses dados destacam a necessidade urgente de ações em nível global para combater a violência por parceiro íntimo e garantir a segurança e o bem-estar das mulheres em todo o mundo. As agências das Nações Unidas, governos e organizações da sociedade civil devem trabalhar juntos para implementar medidas eficazes que reduzam a violência de gênero e garantam que as mulheres sejam protegidas e tenham acesso a recursos e serviços de apoio.



Além disso, mulheres mais jovens correm o maior risco de violência recente, com as maiores taxas (16%) de violência praticada pelo parceiro nos últimos 12 meses ocorrendo entre jovens de 15 a 24 anos. A violência, em todas as suas formas, tem um impacto negativo na saúde e no bem-estar de uma mulher pelo resto da vida, mesmo muito depois de a violência ter acabado.


Está associado ao aumento do risco de lesões, depressão, transtornos de ansiedade, gravidez não planejada, infecções sexualmente transmissíveis, incluindo HIV, e muitos outros problemas. A violência doméstica tem repercussão na sociedade como um todo e vem com custos enormes, impactando os orçamentos nacionais e o desenvolvimento geral. A pandemia de COVID-19 exacerbou a violência doméstica, com muitas mulheres presas em casa com parceiros violentos, incapazes de buscar ajuda ou acessar serviços de suporte.


Na época da divulgação dos dados, o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, declarou: “A violência contra as mulheres é endêmica em todos os países e culturas, causando danos a milhões de mulheres e suas famílias, e foi agravada pela pandemia de COVID-19”. Infelizmente, ao contrário da COVID-19, a violência contra as mulheres não pode ser interrompida com uma vacina. Só podemos lutar contra isso com esforços sustentados e enraizados - por governos, comunidades e indivíduos.


Tema já foi discutido no Path em projeto com Catraca Livre


O enfrentamento à violência contra a mulher é cada vez mais urgente. O tema tem sido muito discutido em diversos ambientes, entre eles o empresarial, é importante que as empresas deem o seu papel no enfrentamento à violência de gênero, que foi reforçado durante o bate-papo: “Violência Doméstica e Investimentos nos Serviços de Combate”, realizado pela Path em parceria Catraca Livre, no projeto Causando Encontros.


A conversa ocorreu em 2020, mas continua atual, tendo a presença a presença de Mafoane Odara, Líder em Recursos Humanos para América Latina na Meta, e que na época gerenciava o Instituto Avon; Gabriela Manssur, Promotora de Justiça e fundadora do Instituto Justiça de Saia; Tarsila Mendonça, responsável pelo Canal da Mulher no Magazine Luiza. A conversa foi mediada pela jornalista Alessandra Petraglia.


Durante o bate-papo, Mafoane destacou a necessidade da união para atuar no enfrentamento da violência contra a mulher. Além disso, ela chamou atenção para o fato de que é necessário endereçar soluções diferentes para lidar com o problema. “A violência contra as mulheres é uma pandemia silenciosa. Esse momento exige que as soluções sejam endereçadas de forma diferente. Nesta lógica, não basta que eu faça bem meu trabalho e você faça bem o seu. Juntas, precisamos fazer algo que sozinhas não conseguiríamos”, explicou.



É importante que as empresas estejam atentas às questões relacionadas à violência contra a mulher e colaborem na busca por soluções para erradicar esse problema. A iniciativa privada tem papel fundamental nesse processo e pode contribuir de forma significativa. Os homens também podem atuar nessa causa, utilizando seu poder para influenciar positivamente na luta pelo combate à violência contra a mulher.


Por outro lado, Gabriela Mansur falou sobre a necessidade de investimentos privados nos serviços paralelos com o objetivo de auxiliar na causa e também pediu que os homens assumam sua responsabilidade. “Vocês (homens) estão com a ‘caneta na mão’ e podem usar esse poder para atuar na causa”, disse Mansur.


Além das ações governamentais e comunitárias, a iniciativa privada também pode desempenhar um papel fundamental na luta contra a violência doméstica. A violência contra as mulheres tem um impacto significativo na saúde e no bem-estar das vítimas. Para Tarsila, as empresas também precisam assumir essa responsabilidade e que é preciso trazer o assunto à tona para que todos se engajem. “Nós pegamos para nós a responsabilidade, que também é do poder público, com isso, a gente está cuidando das nossas famílias e colaboradores, se a empresa não cumprir seu papel, não vamos conseguir vencer essa violência”, destaca.


Como a iniciativa privada pode ajudar


Nesse sentido, as empresas podem investir em programas de conscientização e prevenção da violência doméstica para seus funcionários e colaboradores. Esses programas podem incluir palestras e treinamentos que abordam o tema da violência doméstica, bem como políticas de apoio e proteção às vítimas. Além disso, as empresas também podem fornecer recursos para serviços de combate à violência doméstica, como abrigos e linhas diretas de apoio.


Outra forma de envolvimento da iniciativa privada é através da doação de recursos financeiros para organizações que trabalham na prevenção e combate à violência doméstica. Essas organizações podem ser ONGs, instituições de caridade ou fundações que atuam diretamente com as vítimas, fornecendo serviços de apoio, aconselhamento, tratamento e orientação legal.


A implementação de políticas corporativas que promovam a igualdade de gênero também é uma forma eficaz de combater a violência doméstica. Empresas que adotam políticas de equidade salarial, licença-maternidade e igualdade de oportunidades para mulheres em posições de liderança ajudam a criar um ambiente mais igualitário e a reduzir a discriminação de gênero.


A violência doméstica é um problema complexo e multifacetado, que requer ação e envolvimento de diversos setores da sociedade para ser efetivamente combatido. A iniciativa privada pode desempenhar um papel fundamental nesse esforço, investindo em programas de conscientização, doando recursos para organizações de combate à violência doméstica e promovendo políticas corporativas que incentivem a igualdade de gênero e a prevenção da violência.


Como eu posso ajudar no combate à violência doméstica e familiar contra a mulher?


A violência doméstica e familiar contra mulheres vem sendo um problema cada vez mais preocupante durante a pandemia. Nesse cenário, o Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos (MMFDH) tem se dedicado a oferecer auxílio para as mulheres em situação de risco. Uma das formas de auxílio é o serviço de utilidade pública Ligue 180, que além de receber denúncias de violações contra as mulheres, também orienta-as sobre direitos e serviços especializados disponíveis para elas.


Além do número 180, a Central de Atendimento à Mulher oferece diversos canais para denunciar. Por meio do aplicativo Direitos Humanos Brasil e da página da Ouvidoria Nacional de Direitos Humanos (ONDH), é possível realizar denúncias com acessibilidade para a Língua Brasileira de Sinais (Libras). Ainda há o serviço por chat e Telegram, onde é possível entrar em contato com a equipe do Ligue 180.


Esses canais se mostram fundamentais para o enfrentamento à violência contra mulheres. Eles permitem que as denúncias cheguem rapidamente ao Ministério e que as mulheres recebam auxílio imediato. Por isso, é essencial que todas saibam sobre esses serviços e possam utilizá-los caso necessário.


Entretanto, além desses meios de denúncia, também é importante que haja um apoio social difundido às mulheres vítimas de violência doméstica. Isso significa criar um ambiente acolhedor onde elas possam se sentir seguras para compartilhar suas experiências e buscar ajuda sem medo. Desta forma, espera-se que elas encontrem o suporte necessário para reverter esse cenário triste.


0 comentário

Comments


bottom of page