Peer to peer lending atrai pequenos empreendedores e investidores, oferecendo juros baixos e altas taxas de retorno
Por Marília Passos
Leonardo Vieira abriu o berçário Mon Petit usando as economias de 10 anos. A empreitada uniu o desejo de um negócio próprio com a necessidade de oferecer a melhor educação para a filha, mas o dinheiro que levantou cobria apenas 60% do necessário para manter a escola infantil aberta. Logo, como muito pequenos e médios empresários, eles optou por empréstimos tradicionais com bancos e familiares. Foi o suficiente para que a empresa desse os primeiros passos e se estabilizasse, mas a proximidade da data de quitação das dívidas ameaçava a estabilidade econômica da escola. Foi quando Leonardo descobriu uma alternativa ao tradicional microcrédito: o peer to peer lending por meio das fintechs.
Um amigo que mora na Inglaterra apresentou ao empresário o conceito do empréstimo coletivo feito por intermédio de empresas financeiras de tecnologia. Pequenas e médias empresas se inscrevem em plataformas que analisam seu perfil e, se aprovadas, são apresentadas como potenciais investimentos para investidores, que entram na outra ponta do negócio. Quem tem capital disponível escolhe em quais empresas quer depositar seu dinheiro e confiança. O atrativo para as empresas, além da mecânica simples e completamente digital de inscrição, são taxas mais atrativas, a partir de 1,4% ao mês. Para o investidores, retornos maiores, de em média de 23% ano ano no caso na Nexoos, fintech escolhida por Leonardo.
A Mon Petit entrou na primeira rodada de negócios. Foi apresentada a investidores pedindo um investimento de R$ 200 mil, e conseguiu acumular R$ 133 mil, com uma taxa de juros de 2%, contra os quase 5% que havia conseguido em um empréstimo tradicional no banco. Em agosto de 2017, a empresa pagou sua 11º parcela do empréstimo — todas em dia, orgulha-se o fundador da escola. Hoje, são atendidas 120 crianças, com expectativa de ampliação dos serviços.
O berçário é uma das 125 empresas que já conseguiram empréstimos coletivos com Nexoos. E ela é exemplo da variedade de empresas que buscam o peer to peer lending como alternativa de crédito. Daniel Gomes, CEO da fintech, destaca uma presença maior de empresas ligadas à tecnologia na carta, o que credita à proximidade e confiança em soluções digitais. “Os sócios são mais antenados,” explica Daniel.
Do lado dos investidores, o CEO da fintech aponta também um perfil inovador. Cinquenta por cento dos investidores têm até 35 anos e muito são jovens que já começam a investir desde o primeiro salário. O investimento médio é R$ 12 mil e está aplicado em diversas empresas.
O processo
Para ser apresentada aos investidores, as empresas devem atender a alguns requisitos estabelecidos por cada fintech. Na Nexoos, é preciso estar faturando há 12 meses, ter CNPJ há dois anos, um faturamento anual de R$ 250 mil e não pode estar negativada.
Na Biva, outra fintech brasileira que atua no mercado de empréstimos, é preciso ter pelo menos 15 meses de constituição da empresa; ser cidadão(ã) brasileiro(a), com residência no país; ter pelo menos 18 anos de idade; possuir uma conta corrente bancária individual em seu nome; não ser pessoa exposta politicamente. Restrições de crédito não são um impeditivo definitivo e a empresa também oferece financiamento estudantil coletivo.
A análise e aprovação das propostas é feita pela plataforma da empresa. Assim que aprovada, o investimento é apresentado aos investidores e costumam conseguir o crédito rapidamente. Atualmente a demanda por empresas em que investir é altíssima: dos 10 mil investidores cadastrados no Nexoos, 500 tem investimentos ativos.
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