Por Carla Furtado
O cotidiano da maioria das pessoas é tão corrido que a ideia de que a arte possa fazer parte dele parece absurda — por mais que seja algo que muitos dizem gostar. Ainda assim, há meios de unir a urgência do dia a dia com a apreciação do que há de mais delicado.
Foi partindo dessa ideia que Eduardo Biz criou a plataforma Artikin, que engloba aplicativo, encontros, canal no Youtube com vídeo-aulas rápidas de história da arte dadas pelo próprio Edu, e zine (publicação impressa e informal). O aplicativo, gratuito, lista as exposições do momento em São Paulo e no Rio de Janeiro por ordem de urgência: as primeiras da lista são as que estão prestes a terminar.
O primeiro encontro promovido pelo Artkin foi em parceria com o instrutor de yoga Vinícius Della Líbera, do canal longevidade.yoga, e teve o intuito de incentivar a contemplação de obras de arte junto com a auto-observação.
1ª edição do Arte, Meditação e Yoga do Artikin
Imagine levantar mais cedo num sábado, ir ao Museu de Arte Moderna, aberto num horário exclusivo para receber seu grupo, e praticar um pouco de yoga para então apreciar, com um guia especializado, obras de Anita Malfatti (pintora brasileira que participou da Semana de Arte Moderna em 1922)? Assim foi a primeira edição do “Arte, Meditação e Yoga”, em maio deste ano, que reuniu 25 pessoas e custou R$40.
“A arte nos coloca num processo de autoconhecimento, e com isso vem uma revelação de propósito, de por que você faz o que faz. O Artikin foi minha resposta, foi como consegui materializar uma vontade de que mais pessoas pudessem ter a mesma experiência reveladora que eu tive com a arte. Sou do tipo que chora em museu, sinto que algumas obras têm o poder de esclarecer coisas que muitas vezes você nem vislumbra, parece que uma parte do cérebro se ilumina e você passa a enxergar a vida com outros olhos”, conta Edu, que não se considera especialista no tema, mas um admirador e autodidata dedicado. Além de criador do Artikin, ele comanda o site Ponto Eletrônico, da agência de pesquisa de tendências Box1824.
Edu Biz (foto: Vivi Morais)
Se toda essa conversa te deu vontade de ir em mais exposições mas você está fora do circuito Rio-SP, uma opção de app para ficar por dentro da programação de galerias pelo mundo é o Art Alert, este em inglês. Ótimo para conhecer novos lugares, ele indica quais museus e exposições estão próximos de você, via GPS, e dá o serviço completo dos locais, acompanhado de previews das obras. Custa US$3,99 e tem cerca de 900 locais catalogados.
E se a correria está realmente grande demais para parar e visitar exposições, o Google está sempre aí para ajudar. Não, não é do Google Imagens que estamos falando, mas do Google Arts & Culture, plataforma em formato de site e app que revolucionou o mundo dos amantes da arte ao criar o maior acervo online do mundo: são 6 milhões de obras em alta resolução e com ficha técnica completa, tudo disponível gratuitamente e organizado por artista, movimento artístico, material ou até mesmo cor.
Além das pinturas e esculturas dos principais museus do planeta, como o Louvre, em Paris, e Inhotim, em Belo Horizonte, a plataforma também funciona como uma espécie de Google Street View artístico, com recursos de vídeo em 360º e tours de realidade virtual, não só por galerias, como também por pontos turísticos históricos, como o Coliseu, em Roma. Essa democratização do circuito artístico pode mesmo ser chamado de “Big Bang cultural”, como Amit Sood, diretor cultural do Google, definiu a plataforma em seu evento de lançamento, em julho passado.
Seja ao vivo ou virtualmente, opção é o que não falta! Afinal, reinterpretando Milton Nascimento, “qualquer maneira de arte vale a pena”, não é?
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