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Por uma ação colaborativa contra a desigualdade no país

No Path Amazônia, Edu Lyra explica como podemos construir um país onde a pobreza só será mais uma peça de museu.



No final de setembro deste ano, um relatório organizado pela Organização das Nações Unidas mostrou que a pandemia pode agravar ainda mais a desigualdade social no país. O relatório mostra que os grupos em situação de vulnerabilidade são os mais afetados nesse período e as dificuldades de acesso à proteção social, educação, emprego, renda e moradia serão ainda mais explícitos.


São indicadores como esse que expõem a necessidade de agentes transformadores nas periferias das cidade brasileiras, como Edu Lyra, fundador e CEO da ONG Gerando Falcões que age como um ecossistema de desenvolvimento social na favela. A ONG vem desenvolvendo a transformação de crianças, jovens, líderes e moradores das favelas, combinando educação em diferentes esferas, acesso ao trabalho e tecnologias.


Um exemplo inovador da Gerando Falcões é o Favela 3D, que está propondo a reestruturação de favelas com foco na melhoria da qualidade de vida dos moradores. A identidade empreendedora de Lyra foi que possibilitou a ele construir, junto ao seu time, esse trabalho que hoje está presente em mais de 1.500 favelas brasileiras agindo em territórios de extrema pobreza e vulnerabilidade.


“Temos a responsabilidade de criar oportunidades e a Gerando Falcões têm uma missão, que é transformar a pobreza da favela em peça de museu assumidamente.” exclama Lyra, que será uma das diversas vozes inspiradoras no Path Amazônia.


A história de Lyra é muito parecida com a de jovens que são apoiados pela Gerando Falcões. Nascido em uma favela de Guarulhos, em São Paulo, Lyra morava em um barraco com chão de terra batida, seus pais não tinham dinheiro para comprar um berço para ele dormir, então por nove meses ele dormiu em uma banheira azul.


Nesse contexto, o empreendedor conta que foi forjado em um território que não tinha o mínimo necessário para a sobrevivência e, para ficar ainda mais complicado, seu pai acabou sendo preso por um assalto à banco. “Eu comecei, a partir daquele momento, a crescer tendo que visitar o meu pai dentro de um presídio e vendo minha mãe, minha heroína, sendo revistada nua na minha frente durante as visitas ao meu pai.”, conta Lyra.


Em 2020 uma fala do Ministro Edson Fachin levantou a questão das visitas nas prisões, que até hoje ocorrem de forma vexatória para mulheres que visitam os presos em presídios pelo país, na época, o ministro disse que considerava a revista íntima inadmissível e que deveria ser considerada ilegal.


O caminho proposto a Lyra diante de todo aquele cenário de fome, pobreza, miséria, falta de infraestrutura e dignidade, com o pai no presídio, poderia ter sido outro se não fosse sua mãe a fonte de inspiração e força. Lyra relembra que sua mãe sempre olhava em seus olhos e lhe falava que “não importava da onde ele vinha, o que importava na vida era para onde ele iria e que para isso não havia limites, ele podia ter o mundo”, conta.


A desigualdade econômica e social pode ser caracterizada através da má distribuição de renda que envolve desde a falta de investimentos em políticas públicas e sociais, até fatores históricos e culturais. Relatórios como o elaborado pela ONU são importantes indicadores no processo de reconhecimento das desigualdades.


Uma das formas de se medir essa desigualdade é através de um cálculo da renda per capita (soma de salários dividida pelo número de habitantes), podendo compreender de forma geográfica e em número populacional a localização dessa desigualdade. O Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) é outro conhecido indicador desse problema, considerando fatores mais amplos como educação, expectativa de vida e qualidade de vida dessas pessoas.


De acordo com o último relatório divulgado pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud), da ONU, o país perdeu cinco posições no ranking mundial do IDH e passou do 79º para o 84º lugar entre 189 países em 2020. Para Edu Lyra, a mudança para construir um país menos desigual precisa partir de soluções que promovam oportunidades.


Mas esse processo necessita seguir alguns pontos importantes, um deles é, segundo Lyra, se desvencilhar da métrica em relação à capacidade humana partindo da riqueza econômica. Para ele, o momento que vivemos precisa partir essa medição precisa ser em relação a grandiosidade das pessoas em fatores como patrimônio social e ambiental. “O quanto essa pessoa trabalha e colabora na proteção do meio ambiente do planeta e qual é o capital social dessa pessoa, quanto ela trabalha e colabora na construção de oportunidades.”, explica Edu Lyra.


Nesse momento, em alguma favela do Brasil, um jovem pode estar mudando a realidade no entorno de onde ele mora e mesmo não tendo milhões na conta bancária, geram transformação e impacto em sua comunidade. “É esse patrimônio que a sociedade também precisa almejar, a gente tem que ter fome de crescer na carreira e cada vez mais a gente tem que ter também uma nova geração que tem a fome na produção social, fome em proteger o meio ambiente, fome em garantir que as próximas gerações tenham direitos que a gente hoje ainda tem.”, completa.


No caso de Lyra foi assim, ele começou vendendo livros com histórias inspiradoras, chamado "Jovens Falcões”, em que recrutou cinquenta amigos e de porta em porta vendeu cinco mil edições da obra por R$ 9,99 de forma totalmente independente.


Com a colaboração entre as pessoas, Lyra conseguiu transformar a vida de outros jovens que nasceram no mesmo chão de terra batida que ele. “Sem colaboração a gente não sai desse labirinto, não importa quanto dinheiro você tenha”, diz Lyra, que hoje está na lista dos 100 afrodescendentes mais influentes do mundo pelo jornal O Valor Econômico.


Essa foi só uma prévia da conversa inspiradora de Lyra com o Path Amazônia, nos dias 30 e 31 de outubro, seremos a ponte para conectar iniciativas positivas como a de Lyra. Até lá, você pode se cadastrar em ondemand.festivalpath.com.br e receber informações exclusivas sobre o conteúdo que vamos disponibilizar em nossa plataforma digital durante o festival.


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