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SOS Mata Atlântica apresenta a urgência da regeneração desse bioma

O geógrafo, Gustavo Veronesi, ao lado do biólogo, Diego Martinez, que integram a Fundação, mostram um panorama preocupante em relação ao desflorestamento da Mata Atlântica.



O Brasil é um país rico em biomas, que são um conjunto de ecossistemas reunindo vida vegetal e animal, tendo particularidades de agrupamentos e tipos de vegetação que os definem, além de condições geológicas e clima. Essa diversidade de biomas brasileiros se dá por conta de seis tipos: Amazônia, Mata Atlântica, Cerrado, Caatinga, Pampa e Pantanal.


A preservação desses ecossistemas tem sido pauta de debates entre líderes de todo o mundo e está incluída nos Objetivos para o Desenvolvimento Sustentável (ODS), criado pelas Nações Unidas. Para os brasileiros, a importância da preservação de cada bioma tem relação direta com a saúde e qualidade de vida das pessoas que compartilham das áreas verdes que ainda resistem no país.


Assim como a Amazônia, a Mata Atlântica é muito extensa e importante para o planeta, está presente em quase todos os estados (17 ao todo) de forma parcial e integral. Infelizmente sua extensão poderia ser maior, mas devido aos anos de devastação desse bioma, hoje, contamos com 100 mil km² da vegetação original da Mata Atlântica. Estima-se que essa floresta ocupava 15% do território brasileiro, com uma área de 1.306.421 km² , antes da chegada dos europeus.


De acordo com Gustavo Veronesi, geógrafo, educador e ambientalista da Fundação SOS Mata Atlântica, “a chegada dos europeus aqui no Brasil, primeiro extraindo a madeira e plantando cana, o ciclo da mineração, a industrialização e a civilização”, foram o grande fator da degradação da Mata Atlântica. “As cidades vão crescendo para as bordas e vão destruindo o pouco dessa floresta que ainda existe, hoje, a gente calcula que há cerca de 12,4% de Mata Atlântica remanescente.”, completa Veronesi.


A Fundação SOS Mata Atlântica vem atuando na promoção de políticas públicas para a conservação desse bioma, através do monitoramento, produção de estudos, projetos demonstrativos, diálogo com setores públicos e privados, aprimoramento da legislação ambiental, comunicação e engajamento da sociedade. O Path Amazônia recebeu Veronesi e Diego Igawa Martinez, que é biólogo e mestre em Oceanografia, que também integra a Fundação.


Na conversa, a dupla explica os desafios da Mata Atlântica, a história desse bioma e sua importância. Os dois integrantes da SOS Mata Atlântica mostram o que ocasionou a diminuição dessa vegetação e o que podemos fazer para cuidar do que resta. Para Martinez ainda podemos recuperar o tempo perdido nessa busca pela regeneração. “É possível fazer essa floresta retornar, precisa de bastante trabalho e vontade”, nos conta o biólogo.


Imagem de Jose Eduardo Camargo por Pixabay

Apresentando um quadro da Mata Atlântica em dados


O desmatamento da Mata Atlântica é preocupante, só em São Paulo entre 2019 e 2020, o aumento foi de 406% em comparação com o período anterior. Entre 2018 e 2019 foram desmatados 43 hectares de Mata Atlântica em todo o estado de São Paulo, já entre 2019 e 2020 foram desmatados 218 hectares.


Estes dados são de um estudo da própria Fundação SOS Mata Atlântica em parceria com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), realizado todo ano, desde 1989. “Isso se deve ao enfraquecimento das legislações ambientais, da participação social na decisão das questões ambientais, através de conselhos e comitês, onde a sociedade civil tem voz e que estão enfraquecidos nos últimos tempos em nosso país, infelizmente são perdas que a gente vem tendo. “, lamenta Gustavo Veronesi.


Além disso o desmatamento não se limita apenas à região paulista, no período estudado a degradação do bioma se intensificou em outros nove dos 17 estados que a Mata Atlântica abrange: Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Ceará, Alagoas, Rio Grande do Norte, Goiás, Rio de Janeiro, Mato Grosso do Sul e Espírito Santo.


Alguns desses Estados, como São Paulo e Espírito Santo, chegaram próximos de zerar o desflorestamento em anos anteriores, porém esse efeito parece ter acabado e agora ultrapassa 400% em áreas de desflorestamento. A Fundação SOS Mata Atlântica conta com diversos trabalhos para barrar esse problema urgente, um deles é manter um viveiro com mais de 100 espécies nativas do bioma em uma fazenda no interior de São Paulo, sendo um exemplo de restauração da floresta.


Participação coletiva da sociedade no processo de regeneração da floresta


De acordo com Diego Martinez, não é necessário somente a participação de instituições ligadas à preservação para que ocorra a regeneração da Mata Atlântica, a sociedade civil também pode e deve participar desse processo. “Não precisa ser feita por instituições que estão há décadas nessa trajetória, pode ocorrer através da ação individual das pessoas, que também conta muito”, explica Martinez.


Veronesi e Martinez mostram um exemplo dessa cooperação coletiva, como o senhor Hélio, que já plantou 25 mil árvores e deu início ao Parque Tiquatira, 1º parque linear da cidade de São Paulo. Começando através de 200 mudas e R$800, Hélio da Silva, de 69 anos, conseguiu plantar o bastante para que o parque linear desse vida nova à região da Penha, zona leste de São Paulo.


“Não dá para falar de meio ambiente se não levar em conta as pessoas, precisamos falar de socioambientalismo, juntar as questões sociais com as ambientais”, conta Veronesi.


Esse trabalho conjunto tem sido comum na SOS Mata Atlântica, um deles é o de mobilizar as pessoas para que continuem participando dos projetos e sintam-se pertencentes ao bioma. “Se as pessoas não estiverem participando do processo elas não vão cuidar, a gente só cuida daquilo que a gente conhece e que sentimos pertencimento.”, completa Veronesi.


A fundação também trabalha com a proteção da água como base de sustentação para a preservação da Mata Atlântica, de acordo com a dupla não há floresta sem água e não há água sem floresta. Projetos que monitoram os rios, como o “Observando Rios”, criado há 30 anos, é somente um dos diversos braços de ação da SOS Mata Atlântica nesse processo de regeneração. Para conhecer mais dos projetos clique nesse link.


Gustavo Veronesi e Diego Martinez estão entre uma diversidade de pessoas transformadores que vão se conectar no Path Amazônia, que ocorre no próximo fim de semana, dias 30 e 31 de outubro, através de uma plataforma digital, interativa e gratuita que vai reunir mais de 70 horas de conteúdos sobre inovação e sustentabilidade.


Para acompanhar o festival e ter acesso à nossa plataforma acesse ondemand.festivalpath.com.br e cadastre-se gratuitamente.











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